Sunday, November 2, 2014

NY Notes (1) O que eu vi

Até agora:

Lang Lang e a Filarmônica de NY: o programa eram dois concertos de Mozart para piano - em Sol maior e Dó menor.  Não era familiarizada com nenhum dos dois, o concerto em Sol maior foi uma gratissima surpresa, uma alegria pura. A regata de paetê branco de Lang Lang, confesso, me distraiu em alguns momentos. Entre um concerto e outro ele demorou para voltar ao palco e eu pensei: "pronto, foi trocar de roupa" e a imagem de Lang Lang  num esvoaçante vestido vermelho tomou o meu córtex de assalto. Para meu desapontamento, ele voltou com a mesma regata simplinha de paetês, quase discreta sob a casaca do smoking.

Dei umas choradinhas durante o concerto, porque não é sempre que testemunho música tão bonita e tão bem executada. Os pianíssimos eram de jogar um sapato, tamanha a ostentação de virtuosismo coletivo.




The Curious Incident of the Dog in the Night-Time: adaptação bem-sucedida do belo romance de Mark Haddon. Ainda que o protagonista (o estreante Alex Sharp) seja um pequeno gênio, a direção é a grande estrela desta montagem. A narrativa está amarradinha numa encenação espertíssima e de grande apelo visual. Não dispensaria a leitura do livro, que oferece uma oportunidade original e compassiva de enxergar o mundo através de uma mente autista.



Hedwig and the Angry Inch: escrevi sobre aqui.



Found: escrevi sobre aqui. 



Side Show: Chato. Desculpa. A montagem é linda, o elenco é muito bom, o cenário, os figurinos, a luz, tudo é lindo. Mas a peça é piegas e perde várias oportunidades de ir mais fundo por se levar a sério demais. O que poderia ser engraçado + triste é só uma longa e aborrecida sequência de baladas auto-piedosas sobre ser diferente, excêntrico e bla bla bla (nenhuma novidade aí). 

Devo dizer que fui assistir super de coração aberto e que, sim, eu estava num bom dia. Mas a peça não me convenceu. No entanto, o show tem uma fanbase animada, algumas músicas eram aplaudidas já no início. E, claro, os atores cantam muito bem. Sempre torço para dar certo, no fim das contas.



Death of Klinghofer: Puxadíssimo. Ainda não sei o que pensar; é o tipo de obra que gera sentimentos e pensamentos conflitantes. Uma ópera sobre terrorismo? E a música é linda. Isto não piora as coisas? Dar voz para terroristas não seria temerário? E, no entanto, fica claro que não há justificativa possível, nem fundo, nem fim, para a violência.

O início da ópera é especialmente perturbador, com um coro de palestinos e judeus em dois belíssimos momentos musicais que abrem e encerram o primeiro ato. Os sentimentos são confusos. Estariam os autores tornando bela a violência, racionalizando um ato estúpido? No final, o choque e a vontade de chorar predominam. A obra abre caminho para algum diálogo? Ou apenas abre feridas? Não sei, não sei. Saí do teatro precisando de um drinque forte.




A produção, claro, é deslumbrante. O elenco é forte, honesto, com vozes lindas e uma direção brilhante.  Paulo Szot é aquela força da natureza, sempre intenso e verdadeiro. E Michaela Martens é a voz para encerrar qualquer discussão.

No comments:

Post a Comment